terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tive que fugir do que não era normal. Busquei prédios altos que alcançassem as nuvens, e mesmo assim não entendi o que é estar perto do céu. Acho que exagerei. Causei um tumulto desnecessário lá embaixo, onde todos achavam que eu iria me jogar. Mas que tipo de louco escala montanhas e prédios de vinte e três andares para se jogar depois? Eu não, meu caro senhor. Fui tentar voar, descobrir a liberdade por trás daquele marasmo de ventanias incessantes. Fui errar, se me permitissem. Não descobri muita coisa quando cheguei ao topo, o mais interessante mesmo foi ter escalado sem problema algum aquela coisa monstruosa. Me doeu as mãos, calejou meus pés e meus cabelos deixaram de esvoaçar de um jeito aceitável para criarem desenhos no céu. Não consegui colocar com exatidão as durezas da escalada, mas sei dizer que, dentre tantas coisas, aprendi jeitos mais fáceis de fazer aquilo de novo em outra hora. Aprendi a deixar de ter medo de segurar firme em qualquer parapeito de janela que ali aparecesse, e também aprendi a me manter no mesmo lugar quando não sentisse segurança para subir mais um pouco. Foi à base da intuição, do sexto sentido, do inagualável coração que batia mais forte em certas situações. Confiei em mim mesma para trazer um caminho menos árduo e mais merecedor da minha escalada pessoal. Eu só queria ver mais de perto a coloração das nuvens e sentir o calor do sol. Aquilo tudo me atraia desde pequena, então o único jeito de descobrir a realidade era subindo em um lugar tão alto que a terra parecesse minúscula demais para mim, lá de cima. Consegui esta proeza e não sei dizer quanto tempo demorei. Só sei que colhi alguns pontos interessantes que levarei comigo para outras escaladas. Entendi um pouco mais sobre o que acontece quando não penso duas vezes em uma mesma decisão, entendi sobre o que é confiar nas pessoas erradas e aceitei que nada vem fácil, se você não corre atrás. Não senti orgulho próprio por ter chegado no fim do meu próprio caminho. Senti um orgulho passageiro por conquistar, por esforço e algumas gotas de suor, aquele caminho todo com meus próprios pés e mãos. Hoje acho que as escaladas terão níveis cada vez mais difíceis, mas também compreendo que nada é colocado no nosso caminho por acaso, sem que a gente seja capaz de conseguir vencer os obstáculos. O caminho é sempre a melhor parte, afinal.

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