segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Resenha "Corra, Abby, corra!" - Jane Costello


Há um gênero especial que eu realmente amo ler e devoro sempre que posso, que é o Chick Lit. Neste blog tem, acho, poucas resenhas que fazem jus ao quanto sou viciada, mas é claro que tudo começou ao abrir despretensiosamente um livro da Sophie Kinsella, que abriu portas a vários outros títulos que mantém minha leitura em dia. Nesse mês, por exemplo, eu estou lendo uns dois livros por final de semana, e às vezes é muito legal "dar um tempo" pra literaturas complexas, lendo narrativas leves e divertidas, que geralmente acabam em um casamento. 

Sei que muitos torcerão o nariz, mas não acredito que seja "literatura para mulherzinha", como o Chick Lit é conhecido por aí. Igual filmes de comédias românticas, estes livros atraem um público diversificado que vai muito além do preconceito que se encaixa na expressão "para mulherzinha". Caramba, e quem não gosta de um bom livro de romance pós-moderno?! Acho muito mais legal admitir que nem sempre estamos com Shakespeare ou Tolstói debaixo do braço, do que ficar nessa onda de pseudo-cult o tempo todo. Quem ama ler, gosta de qualquer livro. Não é obrigatório ler só os clássicos, e acho que o Chick Lit atrai tanto justamente por estar lado a lado com a nossa época. São histórias de mulheres normalmente bem sucedidas - ou começando a trilhar o caminho do sucesso - que passam por problemas reais, relatam suas inseguranças e têm mais desilusões amorosas do que cavalheiros fazendo fila em suas portas. Que me desculpe Jane Austen (que amo muito, por sinal), mas às vezes é saudável sair dessa onda "sou uma mocinha indefesa" e ver um pouco de mulheres subindo no salto, sendo CEO's e mandando ver com caras espetaculares, porque tomaram a iniciativa. Jane Costello, aliás, soube fazer isto muito bem. Quem leu algo dela com certeza não pôde deixar de compará-la a rainha do Chick Lit americano, Sophie Kinsella, e eu particularmente acho isto um tremendo bom sinal. Quando você consegue se igualar a alguém muito bom, é porque alguma coisa você está fazendo certo.

Bom, o livro "Corra, Abby, corra!" é da editora Record e tem uma capa que não esconde sobre qual gênero pertence (aliás, foi uma das coisas que me chamou a atenção enquanto estava procurando algo para ler). Abby é uma inglesa de 28 anos que tem uma prioridade na vida: administrar sua empresa de Web Design, que está apenas no começo. Sua rotina louca não lhe dá tempo para muita coisa, a não ser reuniões com futuros clientes e uma dose diária de alimentação ruim para compensar todo o trabalho. E quem não se identifica apenas com este começo? Trabalhar, não se lembrar de qual foi a última vez que deu um beijo apaixonado e ter tão pouco tempo pra pensar em si mesma, que alimentação ruim e pouco exercício físico são apenas os pormenores de toda a situação. Em uma dessas idas apressadas à reuniões, Abby atropela o motoqueiro Tom e se vê obrigada a entrar em contato com a seguradora para ter que lidar com "mais essa" tarefa em sua vida. 

Entre e-mails engraçados que os dois trocam - mas que Abby não dá realmente a mínima, porque está devendo pro cara -, Jess, sua melhor amiga casada e com dois filhos, apresenta o médico Oliver, que assim como ela, faz parte de uma turma de corrida e leva uma vida saudável. Sentiu o drama? Creio que a grande maioria não faz parte da #GeraçãoPugliese, e eu estou incluída nesta porcentagem que troca de bom gosto o tênis de corrida por uma tarde inteira com o NetFlix. Isso pode muito bem ilustrar o quanto este livro é sensacional, porque Abby é uma de nós e cara, o que você faria no lugar dela? Entrar no clube de corrida para ver no que dá, é claro! #Sóquenão. O que Abby não esperava é que esta decisão realmente mudaria toda sua vida e, ao experimentar o primeiro dia, ela se vê obrigada a fingir que está na turma mediana de corrida para não passar vergonha com Oliver - o que foi uma péssima ideia - e o fim disto tudo você mesma pode imaginar. 

Claro que o que ela não esperava é que outro tipo de motivação a faria voltar para as pistas de corrida novamente, e é por causa da Esclerose Múltipla de sua melhor funcionária, Heidi, que Abby faz justamente isto. O plano é arrecadar dinheiro para novos estudos que possam pesquisar melhor a doença e trazer maiores informações ao público, e, para isto, Abby se compromete a correr 10 mil quilômetros em troca de patrocínios de grandes empresas. Ou seja, além de administrar sua empresa, e lidar com um novo estilo de vida, ela ainda tem que entrar em contato com uma série de magnatas e convencê-los de que investir nela realmente é uma boa ideia. E não para por aí! Para melhorar a situação, Abby descobre que Tom, o motoqueiro, também faz parte da turma de corrida, e que Oliver é tão tímido que as coisas não irão para frente tão cedo. 

Como todo o bom Chick Lit, grandes revelações acontecerão mais para o final do livro, incluindo um ótimo desfecho que muitas de nós já esperávamos desde que Abby começou a contar sua maluca história. Eu gostei tanto que por um segundo pensei em começar a levar uma vida saudável, mas a preguiça falou mais alto e no fim das contas, o livro não trata especificamente sobre isto. Jane Costello vai te fazer rir e torcer pela nossa maluca personagem, assim como qualquer outro bom livro do gênero, então vale super a pena investir nessa leitura. Achei leve, bem conectada e com um clímax muito bem pensado, fora que os personagens foram todos muito bem criados. Jane já tem seu lugar em minha estante dos "favoritos", com certeza!

Edição: 1
Editora: Record
ISBN: 9788501097316
Ano: 2015
Páginas: 420

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